Que o espírito coletivo do elenco foi uma das principais armas do Brasil na conquista do tetracampeonato mundial nos EUA, em 1994, quase todo mundo sabe. O que pouca gente lembra, no entanto, é que essa união fez-se necessária graças as diabruras de um boliviano com estilo de jogo tupiniquim, e que foi responsável pela primeira derrota brasileira na história das Eliminatórias: 'El Diablo' Marco Etcheverry.
A derrota por 2 a 0 em La Paz, em 1993, foi o estopim para um turbilhão de críticas da imprensa brasileira sobre Parreira e seus comandados, e ocasionou o famoso gesto de entrar em campo de mãos dadas, que teve início exatamente na partida contra a própria Bolívia, em Recife, vencida por 6 a 0.
- Em 1993 vivi meu melhor momento. Até o dia 14 de novembro daquele ano vivi os melhores dias da carreira, depois desse dia me lesionei e passei por momentos difíceis. A vitória sobre o Brasil foi um marco para a Bolívia. Não é sempre que um país que não é potência vence o Brasil. Foi tudo muito lindo. Soubemos aproveitar bem aquele momento - recorda Etcheverry por telefone ao GLOBOESPORTE.COM.
Em 1993, geração boliviana comandada por Marco Etcheverry despacha o Brasil por 2 a 0 na altitude de La Paz e é responsável pela primeira derrota do país na história das Eliminatórias. 'El Diablo abre o placar em frango de Taffarel
O entusiasmo ao falar do triunfo sobre o time de Parreira, no entanto, contrasta com a resignação quando o assunto é o Mundial dos EUA. Logo na estréia, diante da Alemanha, 'El Diablo' foi expulso por uma suposta agressão a um rival e não participou mais da competição.
- Aquele foi uma decisão localista do árbitro, que claramente quis favorecer a Alemanha. Foi assim durante toda a partida. Eu não teria nem que jogar aquela Copa, vinha de uma grave lesão e a convocação foi um prêmio pela minha performance nas Eliminatórias. Acabei entrando em campo com gana e força de vontade demais.
A ligação do maior camisa 10 da Bolívia com o Brasil não se restringe às memórias de 1993. Antes de ser carrasco, Etcheverry era fã do futebol brasileiro e tinha um jogador em especial como inspiração.
- Toda criança se espelha em brasileiros. Junto com Maradona, Zico foi meu grande ídolo na infância. Por isso, uma referência do Brasil que sempre me agradou muito é o Flamengo, me encantava, e seria lindo se eu tivesse a oportunidade de jogar lá.
'El Diablo' do bem
Se em terras americanas Etcheverry viu o sonho de se destacar em uma Copa do Mundo ir por água abaixo, foi no próprio Estados Unidos que ele encontrou a realização profissional. Ídolo do DC United, o boliviano é tetracampeão da Liga Americana de Futebol (MLS) e após abandonar os gramados, em 2003, escolheu o país onde mora há 13 anos para viver.
- Aceitei o desafio, pensei que seria importante para mim e minha família, e sempre fui muito bem tratado. Minha relação com o público é de muito respeito e carinho. Estou muito satisfeito aqui. Tenho vontade de fazer algo pelo futebol boliviano. Na última vez que voltei não tive condições mínimas de trabalho - explica Etcheverry, que vive em Washington, é supervisor do ex-clube e auxiliar técnico da seleção sub-20 americana.
Apesar da 'naturalização' americana, uma característica tipicamente sul-americana segue firme com Etcherry, o apelido de 'El Diablo'. Algo que, na verdade, não o agrada muito, mas acabou virando marca.
- Começou com um jornalista. Diziam que eu era o endiabrado de Santa Cruz de la Sierra, desde quando eu era bem jovem. Não é algo que me agrada, mas me reconhecem desta forma, não posso fazer nada. De qualquer jeito, nunca foi relacionado a nada satânico, sempre foi um apelido carinhoso - garante o boliviano mais 'brasileiro' da história, pelo menos com a bola nos pés.
Quem é 'El Diablo' Etcheverry?
Nome: Marco Antonio Etcheverry Vargas
Idade: 37 anos
Cidade natal: Santa Cruz de la Sierra (Bolívia)
Posição: meia
Clubes: Destroyers (BOL), Bolívar, Albacete (ESP), Colo-Colo (CHI), América de Cali (COL), DC United (EUA), Barcelona (EQU), Emelec (ECU) e Oriente Petrolero (BOL).
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