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18.8.08

Seleção feminina humilha Alemanha e está em mais uma final olímpica

A vingança perfeita, com goleada, gritos de “olé” e humilhação do antigo carrasco. Nesta segunda-feira, a seleção brasileira feminina venceu a Alemanha por 4 a 1, em Xangai, e já garantiu uma medalha nas Olimpíadas de 2008. Na quinta, o Brasil vai em busca do sonhado ouro na final do futebol, que escapou há quatro anos na decisão com os Estados Unidos. O Brasil nunca havia vencido a Alemanha em torneios oficiais. No ano passado, perdeu na decisão da Copa do Mundo, com direito a pênalti desperdiçado por Marta. Mas, as brasileiras lavaram a alma em Xangai. Formiga, Marta e Cristiane (duas vezes) marcaram, após Prinz ter feito 1 a 0 no início do jogo. Cristiante teve atuação de gala. Fez a jogada do gol de Formiga, marcou outros dois e saiu de campo ovacionada. Quando marcou o segundo, dançou. Mas fez as alemãs rebolarem: agora, ela é a maior artilheira da história das Olimpíadas, ao lado de Prinz, com dez. No banco de reservas, o técnico Jorge Barcellos fez o aviãozinho, consagrado por Zagallo em um amistoso com a África do Sul. A torcida gritava "olé", encantada também com o gol de placa de Marta. Do lado alemão, decepção. A goleira Nadine Angerer, que nunca havia sido batida pelas brasileiras, pegou quatro bolas na rede. Prinz, ex-melhor do mundo, viu que o reinado será de Marta por muito mais tempo.A final de quinta-feira será às 10h (de Brasília), no Estádio dos Trabalhadores, em Pequim. O rival será conhecido ainda nesta segunda: Estados Unidos e Japão se enfrentam às 10h (de Brasília). Se as americanas vencerem farão uma reedição da decisão de Atenas com o Brasil.
Brasil falha, e Prinz desencanta

A Alemanha veio com uma blitz para cima do Brasil. Os quatro minutos foram de sufoco, sem a seleção conseguir ficar com a bola. Faltas, escanteios, cruzamentos para a área. Um atrás do outro. Mas as conclusões não levaram perigo. O problema aconteceu aos nove minutos. A zagueira Érika falhou. Printz ficou com a bola e arrancou livre. A atacante teve calma para driblar Bárbara e tocar para marcar. Alemanha 1 a 0. Foi o primeiro gol da atacante alemã nos Jogos de Pequim, o décimo na história das Olimpíadas

O gol deixou as jogadoras brasileiras nervosas. O filme da derrota na final da última Copa do Mundo parecia se repetir. Apesar da segurança da experiente Tânia Maranhão, que disputa a quarta Olimpíada, a defesa brasileira falhava. Simone Jatobá quase deu outro presente para as alemãs. Mas o chute de Simone Laudehr foi para fora. Pouco depois, Prinz deu um passe primoroso para Mittag, que partiu em velocidade nas costas de Renata Costa. A alemã chutou rasteiro e Bárbara salvou a seleção com uma ótima defesa, de puro reflexo.

A seleção brasileira demora a se acertar. Formiga erra dois lances seguidos e fica falando sozinha. Visivelmente irritada. Daniela Alves faz falta no meio de campo e não aceita a marcação. Deitada, grita com raiva. O som ecoa por todo o estádio, que recebeu um público pequeno. Até Marta parece descontrolada. A melhor do mundo dá uma entrada dura em Stegemann e poderia até ter sido expulsa. Marta começa, então, um novo duelo contra a goleira Nadine Angerer. A camisa 1 alemã parece ser abençoada contra o Brasil. Na final da Copa do Mundo no ano passado teve uma atuação de gala. Pegou até pênalti da camisa 10 da seleção. No duelo da primeira fase, que terminou empatado por 0 a 0, fez defesas difíceis.

Marta arranca, mas Nadine chega primeiro e chuta para a lateral. A brasileira tem nova chance. Mas o chute vai para fora, por cima do travessão. Aos 27 minutos, Daniela Alves faz boa jogada e a bola sobra para Marta. Bomba da entrada da área, mas nas mãos da alemã.


No talento, Brasil vira o jogo

O gol parece ficar pequeno. Nada dá certo. A goleira Bárbara sai da área e grita batendo as mãos: "vamos, vamos!" Até que surge a genialidade. Não de Marta, mas de Cristiane. Ela coloca a bola entre as pernas de Stegemann e cruza. Marta fura e Formiga vem seca, com raiva, para soltar a bomba. Chute no ângulo de Nadine Angerer. E com o gol, aos 43, vem o grito de alívio. O jogo estava empatado. E acabava a invencibilidade de 223 minutos da goleira alemã contra o Brasil. A seleção volta a acreditar. E a arriscar. Marta solta a bomba da intermediária. Nadine mostra que ainda está ali e espalma para escanteio. Uma linda defesa. Cristiane estava demais. E ainda dá um lençol em uma alemã antes do fim do primeiro tempo. No intervalo, suspense. Tânia Maranhão saiu mancando. Sentia dores no tornozelo direito. Mas voltou para o segundo tempo. Que não poderia começar melhor. Aos três minutos, um rápido contra-ataque da seleção. Bola nos pés de Marta. Três brasileiras contra duas alemães. E a camisa 10 não é fominha. Dá o gol de presente para Cristiane. A atacante só toca rasteiro, sem chance para Nadine Angerer. Era a virada brasileira, o quarto gol de Cristiane nas Olimpíadas. Mas ainda faltava Marta superar Nadine. Acabar com a urucubaca contra a goleira alemã. E foi de biquinho, no melhor estilo Romário. Aos sete minutos, a brasileira recebeu em velocidade pela direita, driblou Hingst e deu um toque suave no canto da goleira. Brasil 3 a 1.

Com a vantagem, a seleção passou a administrar a partida. Fez o tempo passar. E explorou o contra-ataque. Aos 25 minutos, Marta recebeu na entrada da área e chutou para fora. Depois, Cristiane, pela esquerda, bateu mal, frente a frente com Nadine Angerer.

Para fechar com espetáculo, um pouco de dança. Aos 30, Cristiane arrancou pelo meio, driblou quatro rivais, entrou na área e tocou, devagar, no canto direito da goleira, sem defesa. Era o quarto gol de uma vingança história. Para comemorar, a camisa 11 comandou uma coreografia no gramado. Mas as alemãs é que rebolaram.

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